RADIO BARREIRITTO CAIPIRA

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Causos de boiadeiro
( valtair Bertoli / Valdemar Reis  ) 23/02/2017

Ao longo dos meus  janeiros , muito  pude observar
dos fatos que eu vivi  , muito  tenho pra contar
Me chamam de saudosista , por conta das    recordação
Mas todos ficam ao meu lado ,  sentados impressionados
ouvindo  causos do   sertão

  fui peão estradeiro , percorri  muita  invernada
também Cortei  muito  estados  ,conduzindo  as    boiadas
passei noites em claro , atento  no chapadão
sem dormir um instante  , ouvindo  o esturro distante ,
de onça   em perseguição

Perdi a conta das  reses  ,que   retornei   de  arribada
 Vi   sinuelo morrer ,  nos  rios  cheio e  enxurradas
nas   lida de  profusão ,  sepultei parceiro  sem caixão
a  dor da    despedida . deixou abertas   ferida
que  dói no   meu    coração

Quando  vejo no estradão  ,  uma cruz    abandonada
eu recordo os  amigos ,  que teve  a   vida ceifada
me recordo da  família   , e daquela  separação
vendo todos ali chorando , e o    cavalo  chegando   ,
 sem ter   no  lombo o peão

 tive   momentos felizes  , quando a noite chegava
deitado  olhando  pro    céu , vendo    estrelas que  brilhava
por todas as  currutelas  ,   arrumei  grandes   paixão
nunca pude esquecer  e nunca  deixei  me  prender
 nem dava   demonstração

conheci rio na  nascente , com  água  pura  cristalina
até  o  seu curso  chegar  , la  nos vales   e  campinas
sempre fui um bom boiadeiro ,  amei   minha profissão
causos eu tenho de sobra , com Deus escrevi minha obra
 aqui     uma  pequena  menção

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Por onde anda ?
( valtair bertoli ) 19/02/2017

Por onde anda a dona da minha saudade
Que Sem piedade por outro me trocou
Por onde anda  a dona dos meu lamentos
E dos juramentos que você  efetuou

Passa os anos  só   não passa o sentimento
Lembro os momentos que o tempo não apagou
Você   sorrindo  corria  e me abraçava
E me  amava como ninguém jamais me  amou

 Meu coração amargurado  ficou  frio
Perdeu o brio os meus  sonhos você levou
Só me  deixou   um rastro de pura maldade
em tempestade a brisa mansa  transformou

 Pra você de corpo e alma  me entreguei
Contudo eu  sei  que não fui oque você sonhou
Te vi partindo numa fria madrugada
Na luz apagada  você sumiu  e não  mais  voltou

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Folga de caipira CURURU ( valtair bertoli ) 16/02/2017 No rancho aonde moro / No sertão escondidinho Escuto o som canoro / Do canto dos passarinhos Levo a vida modesta / com muita satisfação Nas folgas eu faço festa / entrando pela floresta Pescando no ribeirão gosto de sair cedinho / no romper da alvorada passo e pego a canoa / nas taboas amoitada desço o corgo estreito / no remo dando braçadas levando nas minhas traias / mandioca milho em paia e seva já fermentada faço uso do facão / para abrir as gaiadas levando a cartucheira / no ombro já carregada quando que chego no poço / que tem água bem parada paro um pouco de descanso / me apoito no barranco e ali solto as linhadas no dia que não tem vento / pescaria não destoa mas pegar peixe de couro / só de noite em lua boa ali eu passo meu tempo / em meio a vegetação esquecendo dos meus ais / rodeado de animais meus vizinhos no sertão..

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Herança do meu Pai
( valtair bertoli ) 15/02/2017

No canto da minha sala
Ao lado perto da estante
Tem um suporte dourado
E nele um velho berrante
Herança do velho pai
Foi tudo o que me deixou
Do seu tempo de estradeiro
Que muito nele tocou

Ainda era pequeno
Recordo ele chegar
Abrindo a velha porteira
Com seu berrante a tocar
Lembranças vivas na mente
Que a saudade vai  buscar
E ao longo de tantos anos
Na penumbra do olhar

Beijava e abraçava os filhos
Sorrindo a todo instante
Com o seu corpo umedecido
Do seu trabalho incessante
Deixava em cima da mesa
Tudo o que ele ganhava
Dinheiro todo  avermelhado
Da poeira que pegava

A morte  levou meu mestre
Distante do nosso lar
Não deu para  me despedir
Não pude ver sepultar
Findou o seu caminho
Cumprindo a sua missão
Tocando esse  berrante
Bem alto pelo   sertão

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Orgulho de ser matuto
( valtair bertoli ) 14/02/2017

Quem me despreza não me conhece direito
Tenho no peito um enorme coração
Sou um matuto e trato a todos com respeito
não desrespeito a nem mesmo um cão
Não é porque vivo num rancho de sapé
E uso no pé um surrado sapatão
e me afasto se acaso tiver banzé
fazem má  fé da minha  educação

Ter pouca proza pode ser o meu defeito
Falo de um jeito diferente da cidade
Não me incomodo por quem tem preconceito
aqui me ajeito  vivo com tranquilidade
Aqui entendo quando canta os passarinhos
moro  vizinho da dona felicidade
Não faço gosto de sair do meu cantinho
me desalinho muito  sofro de saudade

Não sou letrado e não gosto de disputa
Na minha luta nunca me faltou o pão
Fui educado pra lidar com a terra bruta
a briga astuta só me da  satisfação
No meu ranchinho reina a simplicidade
E a hombridade não custa nenhum tostão
Não sou perfeito e nem dono da verdade
nada me alarde  dispenso ostentação

 Peço desculpas se acaso fui agressivo
Sou bem passivo não gosto de discussão
Aqui distante sei que  nunca dei motivo
de ser o crivo nos causo  de gozação
Nunca bati em  porta  pedindo  esmola
Nem fui  a escola sou carente de instrução
Gosto de estar distante de quem me amola
nada me assola   no meio do meu sertão

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Crepúsculo ( valtair bertoli ) 10/02/2017 toda noite que o sol desce Agradeço e faço prece olhando pra imensidão Sentido a brisa do vento Me dando o acalento sinto a satisfação De ter o dever cumprido por meu dia ter rendido no meio da plantação então sento na escadinha cantando pra minha rainha uma modesta canção so pensando em coisa boa e ouvindo na lagoa a rã dando os pulinhos no pomar os estralados e o piuzinho abafado no ninho dos passarinhos vendo o gado se ajuntando com o lírio exalando seu perfume no ranchinho sinto a mão delicada da minha mulher amada me afagando com carinho contemplando o negro véu e as estrelas pelo céu acendo o lampião com o claro bem baixinho ligo e escuto o radinho nunca mudo de estação vendo subir pela mata o clarão na cor de prata abraçando o rincão acendo e pito o paiero andando pelo terreiro tendo Deus de proteção a grama brilha orvalhada sobe o frio da baixada onde passa o riozinho vejo a lamparina acesa oscilando com beleza sua luz no meu quartinho com os grilos em serenata junto ao som da cascata vou deitar com meu benzinho desperto na alvorada ouvindo passarada com aroma do cafezinho
Tiro certeiro PAGODE 
( valtair bertoli / T.V / EV ) 10/02/2017

Quando adentro na mata / não caço de arapuca
Disparo a cartucheira / dou tiro certo na nuca
Enfrento a capoeira / descalço de pé no chão
Jararaca e urutu / pego com as minhas mãos

A temível  cascavel / que se amoita no capão
corto guizo com os dentes levo de recordação

Quando adentro na mata não caço de arapuca
Disparo a cartucheira dou tiro certo na nuca
Minha viola ponteia / reúne muitos matutos
A conversa não peleia / aqui o sistema é bruto

Se tem  violeiro falso  / de moda eu nem discuto 
Disparo o pinho no peito /no canto  ele  executo 

Quando adentro na mata não caço de arapuca
Disparo a cartucheira dou tiro certo na nuca
com as feras  do   reduto / os abeia passa mal
De tanta onça quem tem / urrando no meu quintal 

Os olhos do jacaré / brilha a noite igual cristal
Com  medo    arreda o pé / e volta pra capital 

Quando adentro na mata não caço de arapuca
Disparo a cartucheira dou tiro certo na nuca

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Sussurro da saudade
( valtair bertoli ) 09/02/2017

Recordando o passado / Logo fico comovido
Escutando a saudade / sussurrando em meu ouvido
Volte para sua terra / onde tu  foste nascido
Sua amada   te espera / por não ter te esquecido

Tudo que deixei pra traz / digo  não valeu a pena
A falta que ela me faz / a lembrança me condena
Troquei o meu paraíso / meu coração triste  ordena
Deixe de ser indeciso / volte logo pra morena

Desde  que deixei meu canto / não tive felicidade
Meu rosto   banha em pranto / não vejo   prosperidade
A distancia do sertão / me causa infelicidade
Descobri que era  ilusão / as riquezas da cidade

Quantas vezes quis voltar / a vergonha não deixou
Tendo medo de falar / que meu sonho me enganou
nem gosto de imaginar / do que lá ainda restou
meu erro vivo a pagar / junto a outros que errou

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Fim de amor
( valtair bertoli ) 08/02/2017


Já decidi vou me embora / só vim lhe dar meu adeus
pra longe vou me mudar / Distante dos olhos seus
Chegou o nosso momento / o tempo nos abateu
O amor que a nós dois uniu / infelizmente morreu

Recordo do seu sorriso / de quando me conheceu
Ficamos os dois calados / a minha perna tremeu
Você ficou sem jeito / nos seus cabelos mexeu
Paixão entrou no meu peito / ali nosso amor nasceu


Por anos fomos felizes / o nosso amor só cresceu
Confesso não sei dizer / o que foi que aconteceu
De uma hora pra outra / nossa vida entristeceu
E a paixão que existia / lentamente adormeceu

Por isso quero um sorriso / que um dia você me deu
Quero rever o seu brilho / que o tempo escureceu
nós dois fomos culpados / ninguém ganhou ou perdeu
É o fim da nossa união / que o destino escreveu

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Sem espaço pra tristeza
( valtair bertoli )

Aonde moro é um campo ocupado
Tem vida  de todo lado nele não cabe tristeza
Tem passarinhos cantando em revoadas
Sobre a mata fechada no frescor da natureza
Tem o Corguinho que desce pro  ribeirão
Sua água soca  o pilão do monjolo  de aroeira
Tem   animais correndo em meio ao gado
Quando ficam assustados se amoitam  na capoeira

Até a noite o  espaço é tomado
O céu fica  estrelado cheio de constelação
A lua chega mostrando com   claridade
Que nem a felicidade   gosta de  escuridão
Os pirilampos  se alegram e  fazem festa
Ocupando  a floresta  coisa mais linda de   ver
A relva invade o reduto  na  madrugada
Deixa a grama orvalhada só parti  no  amanhecer

Na terra brota toda magia  da vida
Nascem flores   coloridas por todo o rincão
Os colibris contemplam  com bailado
No mel ficam encantados  degustam  com  emoção
O astro rei chega mostrando com o  brilho
Que aqui o empecilho nunca vai ter  poder
Porque a semente do amor semeado
No sertão tem brotado dando   prazer em viver