RADIO BARREIRITTO CAIPIRA

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sábado, 29 de julho de 2017

CANECA DE ESMALTE
( valtair bertoli ) 29/07/2017

CANECA DE ESMALTE
( valtair bertoli / João Miranda ) 29/07/2017

Essa caneca esmaltada / que   guardo  como herança
É Uma relíquia achada   / Do meu tempo de criança
Foi tudo que me sobrou / Do sitio nova aliança
Aonde  o  papai   morou /  e   tempo lá  trabalhou
Sempre  cheio de esperança

Nossa casa era  humilde / Um ranchinho beira chão
Minha mãe dona Clotilde / Por ela tinha paixão
Do seu  lado no terreiro  / Tinha um   forno feito a mão
 Pra longe exalava o  cheiro / Quando mamae no  braseiro
  feliz   assava  o   pão

Meu pai  atarefado  / apressado eu sempre via
So ficava sossegado / quando a plantação colhia
  Pro roçado   ia cedinho    /  antes de raiar o dia
 só voltava  pro ranchinho  /  com o sol bem baixinho
que no poente   caia

eu mais meus  irmãos  /  a horta ficava aguando
dando  milho as criação /   passava o dia brincando
ia  nadar no Corguinho /  vivia sempre cantando
ia caçar passarinho / mas o tempo como  espinho
 de lá foi nos tirando

quando o sitio foi vendido    /  mudamos para a  cidade
perdi meus pais querido  / avançou a  minha idade
   passei  anos tão  distante /  daquela propriedade
La voltei  recentemente    / pra ver tudo   novamente
sofri com a realidade

quando cheguei no local  / me doeu o coração
nada mais estava igual / sofri a decepção
vi a casa destruída   /  oque me chamou atenção
foi   a caneca  escondida   /  pelas cinzas envolvida
e coberta de  carvão

hoje quando  olho pra ela   /  a lembrança me invade
vejo mamãe na janela /  com  semblante de humildade
me chamando pra entrar / pra tomar leite a vontade
sinto ao  passado voltar / e assim pego a chorar
no presente da  saudade

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Montado na ilusão
( Valtair Bertoli ) 26/07/2017

Cavalgando na saudade , no lombo da ilusão
Apiei do meu  cavalo , na sombra da solidão
Fui abrindo a porteira , da minha recordação
E logo me vi chegando e meu povo abraçando
Dentro da imaginação

Vi Chiquinho boiadeiro , arriando   seu cavalo
E Narciso pé de vento , na rinha treinando o galo
Vi o João pouca telha , com o seu  cabelo   ralo
Pastorando os caprinos ouvindo o bater do sino
Distante com seu badalo

Vi meu velho sorridente , galopando no bragado
Repicando o berrante , no pasto juntando o gado
Mamãe estava tão linda , de vestido estampado
Cuidando com muito zelo das tranças no seu cabelo
Com nosso radio ligado

Contente revi minha sala , nela a minha carteira
Atenta a professora , na escola de madeira
pude ver o Monjolinho , e a sombrosa figueira
aonde os peões pousavam do fogo que cozinhavam
vi a cinza  da fogueira

logo deu um temporal , vi poeira levantando
as bacias do quintal , o vento saiu levando
caiu um cisco em meu olho , assim  fui acordando
descobri que  era   um sonho fiquei muito tristonho
sentei na cama chorando

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Marcas do tempo ( valtair bertoli ) 24-07-2017 Triste olhando minha traia pendurada Empoeirada dentro de um velho galpão Bateu saudade das minhas longas jornadas Junto a boiada desfilando no estradão Desde criança a peonada admirava E respeitava as regras da profissão Em pouco tempo aprendi ganhar dinheiro dos culatreiros quando vi era o patrão Ho saudade sem perceber o tempo me corroeu Levou embora a minha felicidade Castigado pela idade , meu corpo envelheceu Me doí ver minha traia assim parada Que na estrada nunca me deixou na mão Durante a noite revisava na pousada Hoje encostada me aperta o coração Meu velho laço enrolado e ressecado Abandonado sem bainha meu facão A minha cela esta toda desbotada Dependurada nun gancho junto ao gibão Ho saudade sem perceber o tempo me corroeu Levou embora a minha felicidade Castigado pela idade , meu corpo envelheceu Meu par de espora engripou suas rosetas Numa gaveta vi mofado o cinturão Vi o sinete amassado sem badalo Do meu cavalo sem couro vi o argolão Na juventude eu me vi por um instante Com o berrante repicando no sertão Esse mantenho ele sempre bem guardado Pra ser levado um dia no meu caixão Ho saudade sem perceber o tempo me corroeu Levou embora a minha felicidade Castigado pela idade , meu corpo envelheceu

sábado, 22 de julho de 2017

O carro e meu pai
( valtair bertoli ) 22/07/2017

Olhando triste  para um   cabeçario
Apodrecendo sua ponta junto ao chão
E quatro cangas  já todas desgastadas
Abandonadas sobre o  velho  pranchão
Não avistei a chaveta e o pigarro
 Não vi o  chumaço o  caniço e o  cadião
 Assim achei  esse  carro abandonado
No chão jogado  sem rodeiro e sem cocão

Lembro meu   pai  chegando com seus bois
E   atrelando cheio de satisfação
a  cada junta que no   carro ele  montava
Os bois chamava apontando sua  mão
Já foi o tempo acabou todos carreiros
Já não tem   marcas deixadas  no grotão
Só resta agora  as  marcas do   meu passado
Riscos deixados  dentro da imaginação

Fui candieiro  no meu tempo de  criança
Ver essa cena me apertou o coração
lembrei   meu pai quando uma peça trocava
ela  alisava  com carinho  no  formão
Ele dizia  tudo tem que estar perfeito
o nosso carro  é o nosso ganha pão
Hoje me vi novamente ao seu lado
Fui cutucado com a vara da  solidão


ref:
Eiaaaaaaaaaaaaaaaa boi
quanta saudade do meu pai pelo sertão
feliz seguia no seu carro carreando
ia  atento comandando a marcha   no estradão

quinta-feira, 20 de julho de 2017

DENUNCIA
( VALTAIR BERTOLI )

Pra você que esta ai ouvindo o radio agora
Escutando minha voz acompanhada por viola
Venho aqui denunciar um amor que foi embora
Fez igual um passarinho quando escapa da gaiola

Quero a ela  perguntar porque pode estar ouvindo
Se  ela me tem    amor   porque então vive fugindo
Se ela não tem  ninguém  porque então me ignora
E por que vive falando  que comigo ela    namora

Eu sei que você sabe que por ti estou sofrendo
Porque não telefona isso que  eu  não compreendo
Se você quer judiar só  me impor o seu castigo
Meu bem  aqui eu te imploro não faça isso comigo

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Flor do passado
( valtair bertoli ) 19/07/2017

Jamais pensei em toda minha vida
Que um dia eu iria  vela assim
Sozinha vagando sem   guarida
uma flor murcha caída no jardim

A flor tão bela que foi no passado
Que se vestia com roupa de cetim
Por quem um dia eu fui desprezado
Pedindo  agora seu  perdão para mim

Confesso a ti  que   não estou contente
De te encontrar em tão mal  situação
Por seu amor eu fui  tão carente
Você que um dia   foi   minha grande paixão

Tudo  passou e hoje eu estou mudado
A muito tempo   acabou minha paixão
 digo a  você  que   não estou magoado
e eu  já tenho outro amor  no coração
Tempestade de saudade
( valtair bertoli ) 19-07-2017

Os dias da minha vida /  ela tudo   transformou
na   enxurrada   da saudade / meu mundo se  inundou
meu rosto brilha  em pranto /  a tempestade o molhou
recordando de um passado /tão  lindo que  se acabou

quem era tudo pra mim  /que  jurava   me amar
fez na sua despedida  /  meus olhos   triste  chorar
agora me afogo em  magoas /sofrendo    ao recordar
olhando  a sua aliança /que ainda insisto em  guardar

ref:

 já fui feliz nesse mundo / agora é   desilusão
perdi a  minha querida / que mora em  meu coração
virei  seu  prisioneiro / nas grades dessa paixão
jogado   num  cativeiro / no  colo da  solidão

sábado, 15 de julho de 2017

Segredo de amor
( valtair bertoli ) 15/07/2017

Sei você já tem alguém
e a todos diz que me esqueceu .
Jura que vive feliz
 não lamenta o que aconteceu .

Pensa que se enganando
 vai apagar  o que  viveu .
pois Já te vi chorando
por meu nome chamando tremendo os  lábios seus .

Em altas horas da noite
sei que vive   a me sondar
Finjo não perceber
e  ao garçom a bebida ao chamar

peço dois copos na mesa
como se outra fosse chegar
E noto a sua tristeza
no carro com a luz acesa  na avenida ao passar

REF:
Pra que ficar me negando
 se ainda  vivo  em seu coração
se  continua me amando
 se padece  com a separação

conto os dias no dedo
peça  que   dou meu perdão
venha não tenha medo
 quebre o seu    segredo vamos  viver  a   paixão
Apaixonado
( valtair bertoli ) 15/07/2017 guarania

Cansei de procurar remédio
 pra poder  curar o meu mal de amor
pois sei que é somente  você
  quem  pode deter  no meu  peito a dor
Não quero mais viver    sozinho
sem os seu carinhos peço por favor
Me leve pra cama
diga que me ama ,
 meu bem me aqueça com o  seu calor

a vida só  nos prega peça
  já não consigo  te esquecer
meu bem volte o mais   depressa
pois sem você não consigo viver


somente após   lhe perder
pude perceber  o quanto    estava  errado
pensava  que nada existia
que era fantasia mas estava enganado  
na vida não tenho  sossego
sem o aconchego deitado  ao seu lado
  meu bem  o meu  coração
implora   seu perdão .
 sei não é ilusão     estou apaixonado

a vida só  nos prega peça
  já não consigo  te esquecer
meu bem volte o mais   depressa
pois sem você não consigo viver

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Sem retrocesso
( valtair bertoli ) 12/07/2017

Relembrando minha mocidade
Me bate saudade de um tempo diferente
Que os anos  fez tudo mudar
 E vi transformar tão rapidamente
Hoje o mundo perdeu a alegria
Acabou a magia de antigamente
O sertão  esta todo mudado
Nas  cinzas do passado me vejo  presente

Acabou a  estrada boiadeira
Que erguia poeira no tropel da boiada
Não se usa mais o  ferro a brasa
A energia nas casas deixou ela iluminada
O canto  do  cocão se foi
Com o  carro e os bois na  junta atrelada
Até mesmo a  linda moreninha
Hoje esta mais branquinha e vive maquiada

Os violeiros que  antes reunia
Pra fazer     cantoria no velho  terreirão
Pelo som digital foi vencido
Hoje é só  batido  dizem que é canção
É som alto no carro  filmado
Com jovens drogados  perderam  a noção
No passado os pais  se preocupava
E os   filhos  levava com   as rédeas nas mãos


A pancada do velho monjolinho
A beira do Riozinho   também se calou
Os amigos do tempo de criança
Ficou na lembrança    o tempo separou
 Só o que   resta é olhar pro céu
Ver a lua  no painel  onde nada mudou
Dói saber que o avanço do  progresso
Não tem  retrocesso o que foi bom se acabou

domingo, 2 de julho de 2017

Guaiaca do papai  TOADA BALANÇO
( valtair bertoli ) 02/07/2017


Lembro meu pai usando roupa surrada
Carregando sua inchada indo pra cuidar do chão
Já com seu rosto pelo sol castigado
Levando num amarrado a boia num caldeirão
Lá na biquinha da mina sempre parava
a moringa completava cheio de satisfação
e na lavoura enquanto ele capinava
da casa mamãe cuidava me dando educação


sua guaiaca num prego ele pendurava
quase nunca ela usava passava de mês vazia
e com carinho da família ele zelava
na mesa nada faltava só na colheita enchia
com o seu lucro o banco logo pagava
caderno pra mim comprava e feliz ele sorria
e foi assim que me mandou pra cidade
me pagou a faculdade na lida de boia fria


se hoje uso roupa de grife afamada
tenho caneta dourada e passeio de avião
se minha pele é lisa e bem cuidada
como tudo que me agrada nas mesas de exposição
foi porque o meu pai de dedicou
seu suor derramou na terra na plantação
hoje ele vive com a guaiaca recheada
numa fazenda formada no meio do meu sertão


hoje ele vive com a guaiaca recheada

numa fazenda formada no meio do meu sertão .